Na manhã de sexta-feira o desafio
esteve no campo do AFRIN, na Machava, actual quartel-general da ABB, e testemunhou
o início dos trabalhos dos três treinadores que há dois anos estiveram no país
no âmbito do projecto de Caça Talento para a equipa “B” dos “Dragões”. E foi da
voz do patrono da ABB, Juneid Lalgy, que tivemos a explicação necessária. O
dirigente admite que este é um “negócio” e se pretende criar condições para
potenciar jovens e dotá-los de conhecimentos para quando “chegarem ao
principal escalão possam ter oportunidade de singrar com alguma
facilidade, o que vai trazer mais-valia para o clube em termos de
retorno financeiro, e serão seleccionáveis para a selecção, o que
será bom para o país”. Ao todo estão envolvidos 110 jovens dos
escalões de sub-15, 17, 19 e 23, que desde sexta-feira trabalham não só com os
técnicos nacionais mas também com os três portugueses que sempre que necessário
interrompiam os treinos para correcções que julgavam pertinentes. É assim que
se vão moldando talentos que a partir de 2019 poderão integrar a “Dragon
Force”, com a equipa “B” do FC Porto como meta.
Lalgy explica que, em paralelo
com o projecto da ABB, irá funcionar no país a “Dragon Force”, sendo que a adesão
a esta é paga. “Será uma academia para pagantes, mas sabemos das
dificuldades de alguns jovens, por isso os que não têm como pagar
estarão absorvidos na “Black Bulls”, que também terá escalão de
formação”, disse.”Juneid Lalgy explicou que a condição para fazer parte
deste projecto é também ser estudante, daí que “damos um subsídio de
transporte e de escola para eles pagarem as suas propinas. Acreditamos
que só desta forma é que se pode ter um homem do amanhã”, assegura.
A grande diferença entre a ABB
e outras academias pelo país está no facto de investir igualmente nas
infra-estruturas, e no caso em alusão o investidor é a Transportadora Lalgy,
dirigida pelopatrono da ABB. A empresa cedeu um espaço de 10 hectares onde
serão erguidos, numa primeira fase, dois campos de futebol e outras infra-estruturas
necessárias para o funcionamento duma academia, como escritórios e clínica. De
acordo com Lalgy, que exibiu o projecto à nossa Reportagem, neste momento decorrem
trabalhos de terraplanagem dos dois campos: um principal, que terá relva
natural e capacidade para 10 mil espectadores – numa primeira fase será erguida
a bancada principal – e um anexo em sintético. “Neste momento a
prioridade é ter um campo para trabalhar, enquanto a construção das bancadas
irá acompanhar o processo de crescimento do projecto, que é ambicioso”,
explicou, antes de destacar que no mesmo local já existem 17 casas tipo 1 em
fase de acabamento, que servirão como centro de acomodação dos integrantes do
projecto. De acordo com o nosso entrevistado, o projecto é ambicioso e
contempla um complexo com um pavilhão multiusos e uma piscina para competição,
porque “a ABB, no futuro, poderá abarcar outras modalidades”,
explica, para depois sublinhar que “é um projecto da Transporte
Lalgy, que cede espaço e meios, mas a ABB tem sócios, apesar de
ser suportado maioritariamente pela transportadora”, detalhou. O
promotor do projecto ambiciona expandir ao nível nacional, depois de se consolidar
em Maputo. “Vamos chegar a outros pontos do país. É por isso que
estamos a formar igualmente técnicos jovens com formação superior mas
que nunca tiveram oportunidade de trabalhar em clube nenhum. Estão aqui e
assumiram as equipas. Vão trabalhar sub tutela dos técnicos do FC Porto e
contamos com eles para criar pequenas unidades da “Dragon Force” pelo país e alimentar
esta de Maputo, mas tendo as mesmas metodologias, porque o modelo pode
crescer”, detalhou.
Victor Moreira diz que desde o
Caça Talento de 2016 houve contactos para que cá voltasse para ficar. “Estamos
cá para iniciar o projecto Dragon Force Moçambique. Vieram comigo dois
técnicos que vão ser residentes e iniciamos o projecto liderando as
quatro equipas que já existem no clube parceiro, tudo preparado para que
em 2019 possamos arrancar em força com a nossa escola. Agora estamos a
desenvolver talentos nos jogadores que existem cá para, em primeira
instância, integrarem as selecções nacionais de Moçambique e vamos dotar
os jogadores de ferramentas para isso, e os de 18/19 anos irão ao Porto
“B” prestar provas para que, caso tenham talento, fiquem, à semelhança
dos que provêm de outras escolas internacionais como a Colômbia, Canada
ou Valência. Estamos para desenvolver o talento local para os preparar e
dotar de ferramentas que permitam chegar a Portugal e ficarem.”